Era a casa onde eu costumava morar quando pequena, e lá eu estava novamente, sem ao menos me perguntar como havia ido parar lá (e desde quando a gente pergunta essas coisas em sonhos?). Estava com meus pais e mais um bocado de gente que eu conhecia e que não conhecia também. E eu sabia que tinha um gato, e - cat lady que sou - estava loucamente procurando por ele.
Então o gato apareceu. Cinza, listrado, com a barriga branca. E lá fui eu-titia-Felícia apertar gatinhos. Fazendo carinho na sua barriga, no entanto, percebi que ele não era um gato comum. Eu podia puxá-lo e ele se esticava tanto quanto eu quisesse. Logo o gato-elástico virou sensação na festa (ah, sim, era uma festa), e eu ria puxando seu rabo, suas patas e seu pescoço.
Mas aí tentei levantá-lo do chão. Por alguma razão que apenas os sonhos conseguem explicar, este foi o estopim para a revelação do gato-elástico. Alguém na multidão falou uma palavra e ele repetiu. Sim, repetiu. Todos na festa se espantaram e pararam o que seja que estivessem fazendo. Alguém disse outra palavra. Mostrando certa dificuldade em articulá-la, o gato voltou a repetir. Todos, então, começaram a falar para que o gato-elástico-agora-falante passasse a repeti-los. E uma após a outra, o gato repetia todas as palavras ao seu redor.
Perigo, meu alarme interno acendeu. Levantando-se como uma majestade felina, o gato-elástico-e-falante deu uma risada maligna e enfim revelou o seu plano.
Imagens correram por todos os presentes na festa. Gatos ao redor de todo o mundo se preparavam para uma revolução, um golpe de estado que transformaria os gatos na espécie dominante e faria dos humanos seus escravos. A razão, o gato-elástico-falante disse, era que os gatos eram a única espécie munida de pensamento racional no planeta.
Assim a revolução começou. Os gatos tomaram conta do planeta e apenas um pequeno grupo de humanos rebeldes tentavam nos salvar da tirania dos felinos (sim, porque qualquer pessoa que conheça um gato sabe muito bem que eles seriam ainda piores do que os humanos se tomassem conta do mundo). Logo este pequeno grupo começou a unir forças com outros animais, em especial os elefantes, para iniciar uma contra-revolução. Iríamos provar aos tiranos gatos que nós, os outros animais, éramos sim donos de pensamento racional e capacidade intelectual.
E aí, justamente quando a revolução ia começar, meu despertador tocou. E eu, cat lady assumida, confesso que fiquei um pouquinho desconfiada quando aquele gato da casa do lado me encarou enquanto ia para o trabalho.
Nunca confie em um gato #ficaadica
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