O apartamento não era muito grande, e tinha paredes esverdeadas. Janelas quadradas com venezianas eram voltadas para o prédio vizinho.
Cheguei sozinha, levando uma caixinha de cervejas.
- Que bom que você veio! - disse-me a dona da casa - Mas precisamos ver o que você vai comer - completou, abrindo a geladeira vazia.
- Ah, sim, minhas irmãs e minha prima vieram comigo - respondi, lembrando naquele momento que minhas duas irmãs mais novas e, também, minha priminha de nove anos estavam ali comigo.
- Ótimo, ótimo! - exclamou uma amiga, mais feliz por vê-las do que seria politicamente aceitável.
Andei pelo apartamento cumprimentando conhecidos e cheguei a uma sala que parecia ser uma farmácia.
Uma garota que conheço de vista passou por mim e derrubou algumas prateleiras com remédios. Disse algo que não pude entender e sumiu em um lugar escuro.
- Meninas, quero mostrar uma coisa para vocês, venham aqui - disse a dona da casa para minhas irmãs e minha prima. Elas foram, eu continuei observando os remédios das prateleiras.
A garota que eu conheço de vista apareceu mais uma vez e disse:
- Tudo bem agora, pode ir embora. Elas vão comer.
- Comer? Elas quem? Comer o quê?
- As garotas, ora. É melhor sair daqui enquanto pode.
Minhas amigas que estavam na festa eram todas canibais, e iriam comer minhas irmãs e minha prima!?
Corri para onde elas estavam sendo levadas e dei uma remediada na dona da casa. Leia-se: joguei um frasco de um remédio verde na cara dela. E ela começou a derreter.
As outras moças do apartamento vieram na minha direção, lutamos, encontrei um sabre-de-luz em uma gaveta e fatiei duas delas.
- Corram!! - gritei para minhas irmãs e minha prima.
Corremos para o hall de entrada e apertamos o botão do elevador. Foi quando um homenzinho careca saiu do apartamento ao lado e começou a jogar malas de viagem em nossa direção.
Quando o elevador finalmente chegou e conseguimos sair do prédio, descobri estar em São Pedro. E que lá, naquele portal do inferno, estava nevando.
- Puxa, quem diria, heim! Neve em São Pedro! Que mágico! - eu disse.
- Olha lá! - gritou uma senhora de uma multidão que se aproximava - É a garota que destruiu as hárpias! - disse, apontando para mim - Precisamos premiá-la! É nossa heroína nacional!
Mil pessoas vieram em minha direção parabenizando-me pelo meu feito e entregando-me sacas de ouro e prata. Fiquei rica, comprei um óculos-escuros cor-de-abóbora e um pônei voador.
E aí, quando vieram me pedir que matasse uma tarântula gigante que assombrava o vilarejo das uvas, finalmente acordei.
XD
"Fiquei rica, comprei um óculos-escuros cor-de-abóbora e um pônei voador."
ResponderExcluirgracias.