sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A Festa das Hárpias (ou Como Me Tornei Uma Heroína Nacional)

Eu tinha acabado de ser convidada para uma festa. Uma festa tranquila, de amigos, no apartamento de uma conhecida minha. Não sabia se iria, ainda, mas acabaram por me convencer. E, por fim, eu fui.

O apartamento não era muito grande, e tinha paredes esverdeadas. Janelas quadradas com venezianas eram voltadas para o prédio vizinho.

Cheguei sozinha, levando uma caixinha de cervejas.

- Que bom que você veio! - disse-me a dona da casa - Mas precisamos ver o que você vai comer - completou, abrindo a geladeira vazia.

- Ah, sim, minhas irmãs e minha prima vieram comigo - respondi, lembrando naquele momento que minhas duas irmãs mais novas e, também, minha priminha de nove anos estavam ali comigo.

- Ótimo, ótimo! - exclamou uma amiga, mais feliz por vê-las do que seria politicamente aceitável.

Andei pelo apartamento cumprimentando conhecidos e cheguei a uma sala que parecia ser uma farmácia.

Uma garota que conheço de vista passou por mim e derrubou algumas prateleiras com remédios. Disse algo que não pude entender e sumiu em um lugar escuro.

- Meninas, quero mostrar uma coisa para vocês, venham aqui - disse a dona da casa para minhas irmãs e minha prima. Elas foram, eu continuei observando os remédios das prateleiras.

A garota que eu conheço de vista apareceu mais uma vez e disse:

- Tudo bem agora, pode ir embora. Elas vão comer.

- Comer? Elas quem? Comer o quê?

- As garotas, ora. É melhor sair daqui enquanto pode.

Minhas amigas que estavam na festa eram todas canibais, e iriam comer minhas irmãs e minha prima!?

Corri para onde elas estavam sendo levadas e dei uma remediada na dona da casa. Leia-se: joguei um frasco de um remédio verde na cara dela. E ela começou a derreter.

As outras moças do apartamento vieram na minha direção, lutamos, encontrei um sabre-de-luz em uma gaveta e fatiei duas delas.

- Corram!! - gritei para minhas irmãs e minha prima.

Corremos para o hall de entrada e apertamos o botão do elevador. Foi quando um homenzinho careca saiu do apartamento ao lado e começou a jogar malas de viagem em nossa direção.

Quando o elevador finalmente chegou e conseguimos sair do prédio, descobri estar em São Pedro. E que lá, naquele portal do inferno, estava nevando.

- Puxa, quem diria, heim! Neve em São Pedro! Que mágico! - eu disse.

- Olha lá! - gritou uma senhora de uma multidão que se aproximava - É a garota que destruiu as hárpias! - disse, apontando para mim - Precisamos premiá-la! É nossa heroína nacional!

Mil pessoas vieram em minha direção parabenizando-me pelo meu feito e entregando-me sacas de ouro e prata. Fiquei rica, comprei um óculos-escuros cor-de-abóbora e um pônei voador.

E aí, quando vieram me pedir que matasse uma tarântula gigante que assombrava o vilarejo das uvas, finalmente acordei.

XD

Um comentário:

  1. "Fiquei rica, comprei um óculos-escuros cor-de-abóbora e um pônei voador."
    gracias.

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