sábado, 25 de fevereiro de 2012

Zumbis na FFLCH (ou Como Matar Monstros Com Lápis Número Dois)

Certa noite sonhei que terríveis zumbis atacavam o nosso glorioso prédio de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Eu estava nas mesas da lanchonete, calmamente tomando meu café, quando o caos se iniciou. Da frente do prédio uma turba de indivíduos desgovernados pôs-se a correr na direção contrária, gritando por suas vidas e avisando os colegas (ou aqueles que por sorte conseguiram escapar de serem pisoteados até a morte) que havia uma horda de zumbis famintos por cérebros do lado de lá.

Levantei-me calmamente e pus a exercer minha função de líder.


(Obs: Sim, obviamente, eu era a líder da FFLCH. E não uma líder dirigente qualquer, mas a Rainha, em toda  a sua glória. Porque, né, o sonho é meu, a protagonista sou eu e meu subconsciente é e sempre foi megalomaníaco)

Como líder, precisava dar um jeito naquela joça. Fiz o que qualquer um na minha posição faria: perguntei para as pessoas que ali se encontravam se, por acaso, alguma delas portava qualquer tipo de armamento que pudesse ser utilizado contra os zumbis. Infelizmente nenhum dos presentes carregava nem uma mísera espada de corte duplo que pudesse me emprestar.

Encontrei uma moça gorducha de cabelos claros e óculos que, oh, pena, justamente naquele dia não havia levado seu arco-e-flecha de caçar gamos, mas por sorte guardara duas lanternas na bolsa para quaisquer eventualidades.

- E o que eu vou ganhar se te emprestar minhas lanternas? - perguntou-me a garota, com as mãos na cintura.

- O seu cérebro permanece na sua cabeça - eu respondi.

- É pouco. Quero não precisar assistir aula por duas semanas e ganhar uma medalha de estrela de honra-ao-mérito.

- Uma estrela de honra-ao-mérito? Francamente, menina. - respondi indignada - Pode ser a de xerife? completei, reirando uma estrela de xerife de velho-oeste da bolsa e entregando-lhe.

Agora nós possuíamos duas lanternas contra milhares de zumbis famintos. Yey.

Os monstros começaram a entrar efetivamente no prédio da História e resolveram montar uma piscininha de mil litros cheia de sangue humano no meio do pátio. Vários dos zumbis eram tipos conhecidos do lugar, aquelas figuras que batem cartão em qualquer festa ou manifestação - só que agora estavam verdes e em plena decomposição -, e um deles começou a fazer um discurso qualquer sobre a revolução do submundo e  a necessidade de uma legislação sobre a questão da zumbinidade e suas implicações.

Neste momento as luzes do prédio já eram história, e estava de noite. Os zumbis aglomeravam-se cada vez mais à minha volta, e eu estava completamente sem saber o que fazer.

Corri para a rampa e, quando cheguei ao segundo andar percebi que aquele era, na verdade, uma enorme varanda de um castelo medieval, e os monstros que antes eram zumbis agora estavam mais para seres encapuzados que lembravam muito os dementadores do Harry Potter. Um destes seres vestia uma roupa de padre vermelha, possivelmente era líder, enquanto todos os outros usavam vestes negras.

E então havia milhões de lápis pretos ao meu redor. Milhões, milhões. Uma voz em algum lugar me disse que todos eles virariam novos monstros encapuzados se eu não fizesse nada a respeito disso, e rápido.

Pus-me, então, a montar um tipo de arco-e-flecha com aqueles lápis e saí a disparar os que tinham as pontas mais afiadas na direção dos seres encapuzados. E,há!, eles tombavam imóveis quando minhas flechas de lápis nº2 acertavam em cheio seus corações.

O monstro com a roupa de padre, percebendo o perigo, veio em minha direção para tentar um contra-ataque, mas fui mais rápida: enfiei-lhe o lápis direto em seu coração, como uma estaca, e observei-o perecer lentamente.

- Coração de zumbi se quebra fácil - murmurou ele, os olhos esbranquiçados fixos nos meus, e então tombou.

Os outros zumbis-dementadores desapareceram em uma nuvem de fumaça e, mais uma vez, eu salvei o mundo de uma praga terrível minutos antes de levantar-me para tomar café.

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